quarta-feira, 31 de março de 2010

A TRÍADE

Tríade

O projeto Tríade foi aprovado pelo Promic - Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina. Trata-se da publicação de três livros que compõem uma caixa. Um dos livros terá textos meus, em prosa poética, os outros dois poemas de Edra Moraes e Beatriz Bajo, com quem participei de vários saraus na Vila Cultural Cemitério de Automóveis juntamente com Alexandre Horner, Samantha Abreu, Rodrigo Garcia Lopes, Herman Schmitz, Maurício de Arruda Mendonça e Christine Vianna, coordenadora do espaço e uma das idealizadoras do projeto Tríade.

Acho que no segundo semestre teremos o lançamento dos livros, com leituras de textos em Londrina e outras cidades. Tríade traz a poética feminina através de três autoras.

Deixo uma amostra:



Quero falar chinês, javanês, árabe, gaulês, português arcaico, todas as línguas vivas e mortas. Encontrar vocabulários não é para qualquer um, há pulsações. Preciso de um exercício dadaísta para descobrir sentidos obscuros. Quero todas as estéticas e as linguagens , a poesia e a prosa, o sentido arrancado à força dos esconderijos para compreender, afinal, o que vai dentro de mim, já que não posso decifrar o outro. Há sentimentos maiores que as frases e as sílabas, há sentimentos que não cabem em parágrafos, há sentimentos que extrapolam as letras, corrompem vírgulas, atropelam pontos.



Há sentimentos para os quais teríamos que inventar códigos impossíveis. Destes que riem e choram. Seu peso viola a lógica da contenção e do transbordamento. Sinto-me tão ocidental quando tento me exprimir com palavras, que rio de mim como se fosse um cão a perseguir o próprio rabo, quando ele gira na dança dos dervixes. Sentir é um transe. É diferente de decifrar emoções em código e repetir: amor âmago amordaçado ausente antigo antagônico êxtase errante eletricidade erótica coruscante cristal cravo desejo ardente cítara sutil afresco hiato incandescente sem saída



Sentir é como ver o mar e uma entidade pungente naquela engenhosidade líquida. Impraticável mecânica. Ninguém consegue tocá-la, parar seu movimento, quem dirá... dizê-la. Querem saber? O sentimento é como o mar, nos lambe e devora, como a língua de um grande deus insondável e quântico.



Escrito por célia musilli às 14h03
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